quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Súplica da criança



Senhor !...
Disseram os homens que me queriam tanto,
mas ao atingir-lhes a casa, não dialogaram
comigo, segundo as minhas necessidades.
Quase todos me ofereceram um berço enfeitado, 
mas poucos me deram o coração.
Afirmam que devo procurar a felicidade,
entretanto, não sei como fazer isso, se os
vejo a quase todos sofrendo e rebelando-se
por não aceitarem as disciplinas da vida.
Escuto-lhes as lições de paz, contudo,
acompanho-lhes as rixas em vista de estarem
sempre exigindo o maior quinhão de recursos
da Terra. Recomendam-me buscar a alegria, mas,
muitas vezes, observo que esta misturado de
lágrimas o leite que me estendem. Erguem
palácios para mim, no entanto, entre as
paredes dessas mansões coloridas e belas,
renovam, a cada dia, reclamações e queixas
que não sei compreender, nem registrar.
Explicam que preciso praticar o perdão e ,
ao mesmo tempo, muitos me mostram como
exercitar a vingança.


Senhor !...
Que será de mim, neste grande mundo que
construíste entre as estrelas, sempre
adornado de flores e aquecido pelo Sol, se
os homens me abandonarem ?
Faze que eles reconheçam que dependo deles
como o fruto depende da arvore. E, tanto
quanto seja possível, dizer-lhes, Senhor,
que terei comigo apenas o que me derem e
que posso ser, enquanto estiver aqui,
unicamente o que eles são.


CHICO XAVIER - MEIMEI

Alegria




Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo. Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar. A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão. Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros. Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes. Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas. A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda, generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.

Meimei (Chico Xavier)