segunda-feira, 8 de maio de 2017




A Paz Interior





julho/2012 - Por Antônio Moris Cury




Embora não disponhamos de dados estatísticos oficiais ou oficiosos para afirmá-lo, desconfiamos que a palavra mais pronunciada atualmente no mundo é paz. Ao que parece, não há quem não deseje paz. Paz na família, paz para trabalhar e progredir, paz para refletir, paz para poder tomar as melhores decisões sobre questões simples ou complexas, paz entre as nações, paz para desfrutar realmente de momentos de tranquilidade, paz íntima ou interior, enfim.


Embora as aparências indiquem o contrário, principalmente diante da enxurrada de notícias sobre violência, de variada espécie, veiculadas diariamente pelos meios globais de comunicação, há, sim, por outra parte, um contingente enorme de pessoas trabalhando silenciosamente, sem alarde, para obter a paz possível na Terra, um planeta de provas e de expiações, ainda.

Nem sempre é fácil admitir, mas o que se passa na sociedade, de um modo geral, é apenas reflexo do que ocorre em nossas casas, em nossas próprias famílias, a ponto de ser considerada corriqueira a expressão: a família é a célula-mãe da sociedade.

O que esse pequeno preâmbulo significa ou, melhor, pretende significar? Simplesmente que a paz é passível de construção, de nossa construção, diga-se de passagem, como, por exemplo, com a mudança de nosso comportamento, de nossa postura, com a ampliação de nossa consciência, com o nosso melhor e cada vez mais esclarecido entendimento, com a nossa verdadeira vontade de alcançá-la, quanto possível, devagarinho, a pouco e pouco, tal como ocorre com qualquer conquista, visto que nem mesmo a Natureza dá saltos.

Sabe-se que qualquer caminhada, por mais longa que seja, começa pelo primeiro passo.

Tudo pode iniciar em nossas casas, portanto. Façamos uma experiência: comecemos por tratar os integrantes de nossa própria família com mais respeito, atenção, carinho, gentileza e principalmente com mais amor na mente e no coração. Procuremos fazer em casa, em termos de tratamento, o que costumamos fazer com os outros fora de casa. A diferença será gigante, para melhor, e para todos.

Ao contrário do que aparenta, não será tarefa difícil, especialmente por já sabermos, de cor e salteado, que: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (O Evangelho segundo o Espiritismo, 111ª edição FEB, 1995, página 276).

A expressão reproduzida é bastante clara, mas não custa relembrar, enfatizando: o espírita, ou o simpatizante do Espiritismo, não é um ser angelical, não é perfeito, até mesmo porque vive em um planeta de categoria inferior no Universo, de expiações e de provas, onde ainda prevalecem o mal e a imperfeição. Todavia, é importante que não se perca de vista que é o mesmo ser que busca, de forma continuada e permanente, a sua transformação moral, para melhor, evidentemente, e que emprega os seus melhores esforços para domar suas más inclinações, oriundas de passado recente ou remoto.

E, como muito bem salientado pelo Espírito Camilo, através da psicografia do médium Raul Teixeira: “Ninguém usufrui de paz quando não compreende. Ninguém pode oferecer paz ao mundo, se não a desenvolve no próprio âmago, no próprio mundo íntimo” (encontrável no livro “A Carta Magna da Paz”, 2ª edição Fráter, 2002, página 141).

Neste passo convém registrar que uma das bandeiras do Espiritismo é a reforma íntima. Reforma íntima para melhor, com a substituição gradual do ser velho que insiste em permanecer conosco, em nossa intimidade, e, mais grave, insiste em prevalecer em nossas decisões. É preciso, pois, que coloquemos em prática o que aprendemos com a abençoada Doutrina Espírita e que já retemos de modo consolidado, ou seja, é indispensável que nos esforcemos por nossa transformação moral, que combatamos de forma constante as nossas más inclinações e que procuremos substituí-las por ações positivas, notadamente por ações no Bem.

Um bom começo é procurar realizar a nossa parte, a parte que nos compete, seja qual for o campo de atividade, do melhor modo possível, com qualidade, com capricho, com zelo e com amor. Aliás, como é fácil observar, tudo o que é feito com amor produz ótimo resultado. Como vivemos em regime de interdependência, e bem ao contrário do que alguns pensam, todas as tarefas são importantes.

Ninguém se arrependerá por agir no Bem, por optar pelo Bem sempre, sem hesitação, em qualquer situação e em qualquer circunstância. E, como já o dissemos em outro artigo, fazer o Bem não tem contraindicação. Fazer o Bem faz bem.

Em texto atribuído ao filósofo grego Aristóteles [360 anos antes de Cristo] intitulado “Revolução da Alma”, entre outras coisas, lê-se que: “A tua paz interior é a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você”.

A propósito, é oportuno relembrar que as Leis Divinas ou Naturais estão escritas em nossa consciência (questão 621 de O Livro dos Espíritos, a obra fundamental do Espiritismo), de tal modo que cada um de nós sabe, bem no íntimo, se agiu ou não com correção. Não é preciso, portanto, que alguém nos diga, aponte, avalie ou julgue para que cheguemos a essa conclusão.

Também é conveniente reproduzir aqui o ensinamento de Emmanuel, Espírito, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier: “Quanto puderes, como puderes e onde puderes, guardando a consciência tranquila, trabalha servindo sempre. Assim agindo, ainda que não percebas, desde agora, estarás, imperturbavelmente, nos domínios da paz” (encontrável no livro “Busca e Acharás”).

Por último, entendemos que a paz interior está umbilicalmente ligada à prática do Bem. Por isso, quem age no Bem, quem bem cumpre a parte que lhe cabe, quem pratica o Bem sempre, em qualquer situação ou circunstância, sentirá como decorrência a alegria de ter a tão anelada paz interior.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Súplica da criança



Senhor !...
Disseram os homens que me queriam tanto,
mas ao atingir-lhes a casa, não dialogaram
comigo, segundo as minhas necessidades.
Quase todos me ofereceram um berço enfeitado, 
mas poucos me deram o coração.
Afirmam que devo procurar a felicidade,
entretanto, não sei como fazer isso, se os
vejo a quase todos sofrendo e rebelando-se
por não aceitarem as disciplinas da vida.
Escuto-lhes as lições de paz, contudo,
acompanho-lhes as rixas em vista de estarem
sempre exigindo o maior quinhão de recursos
da Terra. Recomendam-me buscar a alegria, mas,
muitas vezes, observo que esta misturado de
lágrimas o leite que me estendem. Erguem
palácios para mim, no entanto, entre as
paredes dessas mansões coloridas e belas,
renovam, a cada dia, reclamações e queixas
que não sei compreender, nem registrar.
Explicam que preciso praticar o perdão e ,
ao mesmo tempo, muitos me mostram como
exercitar a vingança.


Senhor !...
Que será de mim, neste grande mundo que
construíste entre as estrelas, sempre
adornado de flores e aquecido pelo Sol, se
os homens me abandonarem ?
Faze que eles reconheçam que dependo deles
como o fruto depende da arvore. E, tanto
quanto seja possível, dizer-lhes, Senhor,
que terei comigo apenas o que me derem e
que posso ser, enquanto estiver aqui,
unicamente o que eles são.


CHICO XAVIER - MEIMEI

Alegria




Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo. Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar. A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão. Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros. Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes. Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas. A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda, generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.

Meimei (Chico Xavier)

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Chico Xavier

Chico Xavier – 104 anos Relembramos com carinho a data de nascimento de Francisco Cândido Xavier, que se encarnado entre nós, estaria completando hoje 104 anos. Chico Xavier/ Francisco Cândido Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), O maior médium psicógrafo de todos os tempos. Médium na mais alta acepção, filantropo e um dos mais importantes divulgadores do Espiritismo, não só pela sua obra, mas também pelo seu exemplo de vida, crença e fé. Seu nome de batismo, Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno: Francisco Cândido Xavier, logo que psicografou os primeiros livros. Mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos. Através de sua mediunidade, psicografou mais de 400 livros, tendo vendido mais de 30 milhões de exemplares e sendo o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história. Chico Xavier recebeu e recebe grandes homenagens no Brasil e em outros países. Em 1981 e 1982 foi indicado ao prêmio Prêmio Nobel da Paz, tendo seu nome conseguido cerca de 10 milhões de assinaturas no pedido de indicação. Em 2000, foi eleito o “Mineiro do Século XX”, em um concurso realizado pela Rede Globo Minas, tendo vencido com 704.030 votos e em 2012 foi eleito o O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, em concurso homônimo realizado pelo SBT e pela BBC, cujo objetivo foi “eleger aquele que fez mais pela nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade”. Sua obra tornou-se verdadeiro bestseller. O filme sobre sua vida, um sucesso de bilheteria. Os romances de Emmanuel deverão, em futuro próximo, transformarem-se em excepcionais épicos da filmografia mundial, sobretudo no que diz respeito às informações sobre o Cristianismo Primitivo e a saga dos verdadeiros cristãos da primeira hora. Nosso Lar, o filme homônimo da primeira obra da Série André Luiz, tornou-se um clássico de referência, em versão cinematográfica. Doze anos após seu retorno à Pátria Espiritual Chico Xavier continua produzindo e incentivando os estudiosos da Doutrina Espírita no levantamento de informações e revelações que consolidaram através de sua obra mediúnica irretocável a fundamentação da Doutrina dos Espíritos, nas Terras do Cruzeiro e através de todo o mundo Federação Espírita Brasileira – FEB, após as comemorações do Centenário de Chico Xavier, em 2010, lança no 4º Congresso Espírita Brasileiro, de 11 a 13 de abril de 2014, mais uma obra robusta fundamentada na produção respeitável e incomparável da produção mediúnica Chico Xavier/Emmanuel. Trata-se de O Evangelho por Emmanuel: uma compilação do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho – NEPE. O projeto gráfico contempla as 1870 mensagens de Emmanuel comentando versículos do Antigo e do Novo Testamento da Bíblia, que estão distribuídas em várias obras de ChicoXavier/Emmanuel. Este projeto prevê a edição de sete volumes trazendo os quatro evangelistas comentados por Emmanuel, como também os Atos dos Apóstolos, as Cartas de Paulo, as Epístolas de Tiago, Pedro e João, na ordem em que se encontram nas traduções bíblicas. Um achado para o estudioso pesquisador e um chamado para aqueles que ousam dizer que o Espiritismo não reconhece os textos sagrados. Desconhecimento das opiniões de Emmanuel, sobretudo no livro O Consolador nas questões

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Lei do Amor

O amor resume toda a Doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida o homem só te instintos, mais avançado e corrompido tem sensações, mais instruído e purificado tem sentimentos. E o amor é o requinte do sentimento, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse som interior que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se a humanidade ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento. Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo. Seus pés são leves, ele vive como que transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina "amor", fez estremecer os povos, os mártires, ébrios de esperança. O espiritismo por sua vez vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos porque esta palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação vencendo a morte revela o homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual, mas já não é mais com suplícios que ela conduz e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o espírito, e o espírito deve agora resgatar o homem da matéria. Disse que o homem, no seu início tem apenas instintos, aquele pois de que os instintos dominam está mais próximo do ponto de partida do que o alvo. para avançar em direção ao alvo é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são as germinações e os embriões dos sentimentos, trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os serem menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida permanecem subjugados pelos seus instintos. O espírito deve ser cultivado como um campo, toda a riqueza futura depende do trabalho atual, e mais que os bens terrenos, ele os conduzirá a gloriosa elevação. Será então que, compreendido a lei do amor que une a todos os seres, nela buscarás os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio da alegrias celestes. Lázaro - Paris. 1862 Evangelho Segundo o Espiritismo - Kardec

Felicidade

Se hoje você se decidir por ser feliz, não há nada que possa impedi-lo, a não ser você mesmo. Então não deixe para amanhã: brinque, sorria, valorize as coisas simples. Acompanhe o crescimento dos filhos, abrace, aperte a mão de quem lhe quer bem. Não guarde mágoas e deixe no passado qualquer sentimento de culpa. Não se entregue à autopiedade. Seja otimista. Vibre com as conquistas. Valorize o presente. Planeje o futuro. Organize-se. Reserve um tempo para você. Reserve um tempo para a família. Reserve um tempo para obras sociais. E lembre-se: Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. Redação do Momento Espírita, com base no item 20, do cap. V, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 24.07.2012.

sábado, 29 de novembro de 2014

Contratempo

Diante de quaisquer contratempos, pensa no bem. O trabalho estafante... Será ele a providência que te habilita à vitória contra o assédio de perturbações que te espreitam a estrada. O encontro perdido... Semelhante contrariedade decerto apareceu, em tua defesa própria. A realização adiada... A procrastinação de teus desejos estará funcionando, em teu benefício, para que não entres em determinados compromissos fora de tempo. A viagem desfeita... O plano frustrado, provavelmente, é o recurso com que se te garante o equilíbrio. O carro enguiçado... O incidente desagradável é o processo de forrar-te contra acidentes possíveis. O mal estar orgânico... A enfermidade menor haverá surgido, a fim de induzir-te a tratamento inadiável. A afeição que se afasta... A separação vale por cirurgia no campo da alma, muita vez, resguardando-te a paz e a segurança. A morte no lar... A despedida de um ente querido, quase sempre, procede da Misericórdia do Senhor; no sentido de evitar sofrimento maiores para aquele que parte, tanto quanto para aqueles que ficam. Diante de qualquer obstáculo, reflete no bem, porque no curso de todas as circunstâncias, por detrás dos contratempos da vida, a Bondade de Deus jaz oculta. Livro: Coragem - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

A cada posição, sua revelação

“Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação insuperável do Amor; e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade.” (Questão 271 de O Consolador). * * * Quando Jesus chega trazendo a segunda revelação – a central - na qual o amor, a generosidade e a complacência deveriam cobrir a ‘multidão de pecados’ de uma adúltera, por exemplo, é possível que os caminhos, de Moisés até Ele, já estivessem ou devessem estar mais aplainados. Estaria aqui, instalada, a revelação do amor; ou este se sobrepondo à justiça. Impossível se falar de amor a um povo cuja necessidade premente era a justiça, como imperativo seria não falar de ‘verdades inteiras’ a confrades que por hora necessitavam mais da lei da compaixão do que de uma veracidade explícita, visto que os homens receberão sempre as revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva. Sendo que ainda hoje, a Justiça de Moisés não está implantada, a complacência de Jesus não foi bem entendida e ainda nos fazemos surdos às verdades do Espiritismo, é possível que somente quando a fraternidade – a religião do futuro, segundo Hammed - for implantada no Planeta, se estabeleça, em definitivo, a regeneração, evidenciando uma quarta revelação: A cada posição evolutiva, sua revelação! Não tenhamos dúvidas que a fraternidade será o somatório de toda a justiça, mais o amor e mais toda a verdade praticados na Terra. Ou as três revelações como receitas para uma quarta! Compreendemos também, dessa forma, que Moisés [não] transmitiu ao mundo a lei definitiva, mas que esta se adéqua constantemente à evolução deste mundo! (Sintonia: Questão 271 de O Consolador, pg. 186, de Emmanuel/Francisco Cândido Xavier, editora FEB, 29ª edição)

Prece de Agradecimento

"Muito obrigado Senhor! Muito obrigado pelo que me deste. Muito obrigado pelo que me dás. Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz. Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza. Olhos que fitam o céu, a terra e o mar Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil. Muito obrigado Senhor! Porque eu posso ver meu amor. Mas diante da minha visão Eu detecto cegos guiando na escuridão que tropeçam na multidão que choram na solidão. Por eles eu oro e a ti imploro comiseração porque eu seique depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão! Muito obrigado Senhor! Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus. Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro A melodia do vento nos ramos do olmeiro As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro! Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar. A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais! A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro. E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro! Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir Porque eu sei Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir! Obrigado pela minha voz Mas também pela sua voz Pela voz que canta Que ama, que ensina, que alfabetiza, Que trauteia uma canção E que o Teu nome profere com sentida emoção! Diante da minha melodia Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia. Eles não cantam de noite, eles não falam de dia. Oro por eles Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova Eles cantarão! Obrigado Senhor! Pelas minhas mãos Mas também pelas mãos que aram Que semeiam, que agasalham. Mãos de ternura que libertam da amargura Mãos que apertam mãos De caridade, de solidariedade Mãos dos adeuses Que ficam feridas Que enxugam lágrimas e dores sofridas! Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias! Pelas mãos que atendem a velhice A dor O desamor! Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio! E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar! Obrigado Senhor! Porque me posso movimentar. Diante do meu corpo perfeito Eu te quero rogar Porque eu vejo na Terra Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar. Eu oro por eles Porque eu sei, que depois desta expiação Na outra reencarnação Eles também bailarão! Obrigado por fim, pelo meu Lar. É tão maravilhoso ter um lar! Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for. Que dentro dele, exista a figura do amor de mãe, ou de pai De mulher ou de marido De filho ou de irmão A presença de um amigo A companhia de um cão Alguém que nos dê a mão! Mas se eu a ninguém tiver para me amar Nem um tecto para me agasalhar, nem uma cama para me deitar Nem aí reclamarei. Pelo contrário, eu te direi Obrigado Senhor! Porque eu nasci! Obrigado porque creio em ti Pelo teu amor, obrigado senhor!" Poema de Gratidão - Amélia Rodrigues (Divaldo Pereira Franco)

domingo, 26 de outubro de 2014

Auto-Flagelação

"Embora não nos seja possível, por enquanto, apreciar convosco a fisiologia da alma, como seria desejável, de modo a imprimir ampla clareza ao nosso estudo, para breve comentário, em torno da flagelação que muitas vezes impomos, inadvertidamente, a nós mesmos, imaginemos o corpo terrestre como sendo a máquina da vida humana, através da qual a mente se manifesta, valendo-se de três dínamos geradores, com funções específicas, não obstante extremamente ligados entre si por fios e condutos, de variada natureza. O ventre é o dínamo inferior. O tórax é o dínamo intermediário. O cerebelo é o dínamo superior. O primeiro recolhe os elementos que lhe são fornecidos pelo meio externo, expresso na alimentação usual, e fabrica uma pasta aquosa, adequada à sustentação do organismo. O segundo recebe esse material e, combinando-o com os recursos nutritivos do ar atmosférico, transmuta-o em líquido dinâmico. O terceiro apropria-se desse líquido, gerando correntes de energia incessante. No dínamo-ventre, detemos a produção do quilo. No dínamo-tórax, presenciamos a metamorfose do quilo em glóbulo sanguíneo. No dínamo-cerebelo, reparamos a transubstanciação do glóbulo sanguíneo em fluido nervoso. Na parte superior da região cerebral, temos o córtex encefálico, representando a sede do espírito, algo semelhante a uma cabine de controle, ou a uma secretária simbólica, em que o "eu" coordena as suas decisões e produz a energia mental com que governa os dínamos geradores a que nos reportamos. O ser humano, desse modo, em sua expressão fisiológica, considerado superficialmente, pode ser comparado a uma usina inteligente, operando no campo da vida, em câmbio de emissão e recepção. Concentramos, assim, força mental em ação contínua e despendemo-la nos mínimos atos da existência, através dos múltiplos fenômenos da atenção com que assimilamos as nossas experiências diuturnas, atuando sobre as criaturas e coisas que nos cercam e sendo por elas constantemente influenciados. Toda vez, contudo, em que nos tresmalhamos na cólera ou na crueldade, contrariando os dispositivos da Lei de Deus, que é amor, exteriorizamos correntes de enfermidade e de morte, que, atingindo ou não o alvo de nossa intemperança, se voltam fatalmente contra nós, pelo princípio inelutável da atração que podemos observar no imã comum. Em nossas crises de revolta e desesperação, de maledicência e leviandade, provocamos sobre nós verdadeira tempestade magnética que nos desorganiza o veículo de manifestação, seja nos círculos espirituais em que nos encontramos, ou, na Terra, enquanto envergamos o envoltório de matéria densa, sobre a qual os efeitos de nossas agressões mentais, verbais ou físicas, assumem o caráter de variadas moléstias, segundo o ponto vulnerável de nossa usina orgânica, mas particularmente sobre o mundo cerebral em que as vibrações desvairadas de nossa impulsividade mal dirigida criam doenças neuropsíquicas, de diagnose complexa, desde a cefalagia à meningite e desde a melancolia corriqueira à loucura inabordável. Toda violência praticada por nós, contra os outros, significa dilaceração em nós mesmos. Guardemo-nos, assim, na humildade e na tolerância, cumprindo nossos deveres para com o próximo e para com as nossas próprias almas, porque o julgamento essencial daqueles que nos cercam, em verdade, não nos pertence. Desempenhando pacificamente as nossas obrigações, evitaremos as deploráveis ocorrências da autoflagelação, em que quase sempre nos submergimos nas trevas do suicídio indireto, com graves compromissos. Preservando-nos, pois, contra semelhante calamidade, não nos esqueçamos da advertência de nosso Divino Mestre no versículo 41, do capítulo 26, das anotações do apóstolo Mateus: - "Orai e vigiai, para não entrardes em tentação." Dias da Cruz" (Do livro "Vozes do Grande Além", pelo Espírito Dias da Cruz, Francisco Cândido Xavier, 29/09/1955)

Tensão Emocional

Não raro, encontramos, aqui e ali, os irmãos doentes por desajustes emocionais. Quase sempre, não caminham. Arrastam-se. Não dialogam. Cultuam a queixa e a lamentação. E provado está que, na Terra, a tensão emocional da criatura encarnada se dilata com o tempo. Insegurança, conflito íntimo, frustração, tristeza, desânimo, cólera, inconformidade e apreensão, com outros estados negativos da alma, espancam sutilmente o corpo físico, abrindo campo a moléstias de etiologia obscura, à força de se repetirem constantemente, dilapidando o cosmo orgânico. Se consegues aceitar a existência de Deus e a prática salutar dessa ou daquela religião em que mais te reconfortes, preserva-te contra semelhante desequilíbrio... Começa, aceitando a própria vida, tal qual é, procurando melhorá-la com paciência. Aprende a estimar os outros, como se te apresentem, sem exigir-lhes mudanças imediatas. Dedica-te ao trabalho em que te sustentes, sem desprezar a pausa de repouso ou o entretenimento que se te restaurem as energias. Serve ao próximo, tanto quanto puderes. Detém-te no lado melhor das situações e das pessoas, esquecendo o que te pareça inconveniente ou desagradável. Não carregues ressentimentos. Cultiva a simplicidade, evitando a carga de complicações e de assuntos improdutivos que te furtem a paz. Admita o fracasso por lição proveitosa, quando o fracasso possa surgir. Tempera a conversação com o fermento da esperança e da esperança e da alegria. Tanto quanto possível, não te faças problema para ninguém, empenhando-te a zelar por ti mesmo. Se amigos te abandonam, busca outros que consigam compreender com mais segurança. Quando a lembrança do passado não contenha valores reais, olvida o que já se foi, usando o presente na edificação do futuro melhor. Se o inevitável acontece, aceita corajosamente as provas em vista, na certeza de que todas as criaturas atravessam ocasiões de amarguras e lágrimas. Oferece um sorriso de simpatia e bondade, seja a quem for. Quanto à morte do corpo, não penses nisso, guardando a convicção de que ninguém existiu no mundo, sem a necessidade de enfrentá-la. E, trabalhando e servindo sempre, sem esperar outra recompensa que não seja a bênção da paz na consciência própria, nenhuma tensão emocional te criará desencanto ou doença, de vez que se cumpres o teu dever com sinceridade, quando te falte força, Deus te sustentará e onde não possas fazer todo o bem que desejas realizar Deus fará sempre a parte mais importante!... (Do livro "Companheiro", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)