domingo, 25 de maio de 2014

Oração da Amizade

Agradeço Senhor, Cada afeição querida Com que me deste a vida Alegria, esperança, entendimento, amor! Enaltece, por mim, a amizade que vem Resguardar-me a fraqueza em caridade infinda, Sem perguntar porque não posso ainda Entregar-me de todo a prática do bem. Sê louvado Jesus, pela criatura boa Que me escora no caminho. Estendendo-me paz, reconforto e carinho Toda vez que me encontra, auxilia ou perdoa. Faze brilhar, no mundo, o olhar branco e perfeito Que me tolera as faltas, de hora a hora Que me percebe o anseio de melhora E me ensina a servir sem notar meu defeito... Santifica, na terra, o ouvido que me escuta, Sem espalhar a queixa e as aflições que faço, Nos erros que cometo, passo a passo, Nos meus dias de mágoa, sombra e luta!... Abrilhanta, onde esteja, aquele coração. Que me acolhe nos dons da palavra serena E nunca me censura e nem condena, Quando me vejo em treva e irritação. Reclama de esplendor para a Glória Celeste A mão, cuja bondade, em júbilo, proclamo, Que me socorre e ampara aqueles que mais amo No refúgio do lar que me fizeste A Ti, Jesus, meu pálido louvor!... Pelo gesto mais leve e pequenino Das santas afeições que me deste ao destino. Agradeço Senhor!.... Maria Dolores

domingo, 11 de maio de 2014

Retrato de Mãe

Pelo Espírito Maria Dolores Francisco Cândido Xavier Depois de muito tempo, sobre os quadros sombrios do calvário. Judas, cego no além, errava solitário... Era triste a paisagem, o céu era nevoento... Cansado de remorso e sofrimento, Sentara-se a chorar... Nisso, nobre mulher de planos superiores, Nimbada de celestes esplendores, Que ele não conseguia divisar, Chega e afaga a cabeça do infeliz. Em seguida, num tom de carinho profundo, Quase que em oração ela diz: - Meu filho, porque choras? Acaso não sabeis? – replica o interpelado, Claramente agressivo. Sou um morto e estou vivo. Matei-me e novamente estou de pé, Sem consolo, sem lar, sem amor e sem fé... Não ouvistes falar em Judas, o traidor? Sou eu que aniquilei a vida do Senhor... A princípio, julguei poder fazê-lo rei, Mas apenas lhe impus, sacrifício, martírio, sangue e cruz. E em flagelo e aflição Eis que a minha vida agora se reduz... Afastai-vos de mim, Deixai-me padecer neste inferno sem fim... Nada me pergunteis, retirai-vos senhora, Nada sabeis da mágoa que me agita... O assunto que lastimo é unicamente meu... No entanto a dama calma respondeu: - Meu filho, sei que choras, sei que lutas, Sei a dor que causa o remorso que escutas... Venho apenas falar-te Que Deus é sempre amor em toda parte... E acrescentou serena: - A bondade de Deus jamais condena: Venho por mãe a ti, buscando um filho amado. Sofre com paciência a dor e a prova. Terás em breve, uma existência nova... Não te sintas sozinho ou desprezado! Judas interrompeu-a e bradou, rude e pasmo: - Mãe? Não venhais aqui com mentira e sarcasmo. Depois de me enforcar num galho de figueira, Para acordar na dor, Sem mais poder fugir à vida verdadeira. Fui procurar consolo e força de viver. Ao pé da pobre mãe que forjara o ser !.. Ela me viu chorando e escutou meus lamentos. Mas teve medo dos meus sofrimentos. Expulsou-me a esconjuros, Chamou-me monstro, por sinal Disse que eu era Unicamente o espírito do mal, Intimidou-me a terrível retrocesso, Mandando que apressasse o meu regresso Para a zona infernal de onde eu vinha... Ah ! Detesto lembrar a horrível mãe que eu tinha... Não me faleis de mães, não me faleis de amor, Sou apenas um monstro sofredor... Inda assim – disse a dama docemente: - Por mais recuses, não me altero, Amo-te filho meu, amo-te e quero Ver-te de novo a vida Maravilhosamente revestida De paz e luz, de fé e elevação... Virás comigo à terra, Perderás pouco a pouco, o ânimo violento, Terás o coração Nas águas de bendito esquecimento. Numa existência de esperança, Levar-te-ei comigo A remansoso abrigo. Dar-te-ei outra mãe ! Pensa e descansa !... E Judas neste instante. Como quem olvidasse a própria dor gigante, Ou como quem se desgarra De pesadelo atroz, Perguntou: - quem sois vós? Que me falais assim, sabendo-me traidor? Sois divina mulher, irradiando amor, Ou anjo celestial de quem pressinto a luz? No entanto ela a fitá-lo frente a frente, Respondeu simplesmente: - Meu filho, eu sou a mãe de Jesus!!! Do livro "Momentos de Ouro", Maria Dolores (Espírito), Francisco C. Xavier (psicografia)